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O anúncio foi feito na sede do PT no Recife, no bairro de Santo Amaro, em evento com a direção e os parlamentares do partido. Primeira mulher eleita ao Senado por Pernambuco, Teresa Leitão não participou porque sofreu um acidente, fraturou o fêmur e passou por uma cirurgia, mas enviou nota dizendo que também a apoiaria.
O senador Humberto Costa (PT) explicou que Lula foi questionado pelo diretório estadual sobre qual deveria ser o posicionamento no segundo turno. "Ele disse que o melhor que tinha era nós estarmos aqui com Marília Arraes. [...] Na medida em que o presidente externou que o melhor em Pernambuco é Marília, ele também manifestou o seu apoio", declarou.
A candidata do Solidariedade esteve presente no evento e reforçou que a aliança busca, além da conquista do governo estadual, ampliar o número de votos em Lula no segundo turno.
"Ter um posicionamento do Partido dos Trabalhadores que, junto com o presidente Lula, é quem encampa essa luta em defesa do nosso país, é muito importante porque nós estamos vivendo um momento em que, aqui em Pernambuco, a gente viu o avanço do fascismo", declarou Marília.
Em nota, o PSB afirmou que decidiu seguir o posicionamento de Lula. "Em Pernambuco, defendemos e indicamos, no segundo turno das eleições para o Governo do Estado, a candidatura que for apoiada pelo presidente Lula e que simbolize esses valores". O texto é assinado por Sileno Guedes, presidente do diretório estadual.
Antes do PT, outras cinco legendas já tinham anunciado o apoio a Marília: PDT, PC do B, PMB PSOL e Republicanos.
Raquel Lyra conta com apoio de lideranças do MDB, como o presidente estadual da legenda, Raul Henry, e o senador Jarbas Vasconcelos.
Campanha
Durante a campanha, Marília Arraes utilizou a imagem de Lula, embora o candidato oficialmente apoiado pelo petista fosse Danilo Cabral (PSB). Isso era permitido porque, nacionalmente, o Solidariedade estava coligado ao PT na disputa pela Presidência da República.
Pernambucano, Lula teve 65,27% dos votos válidos no estado natal, frente aos 29,91% de Bolsonaro (PL).
Mesmo com a popularidade e apoio oficial do ex-presidente, Danilo Cabral ficou em quarto lugar na disputa, com 18,06% dos votos válidos.
Durante a única visita de Lula a Pernambuco antes das eleições, em julho, quando Danilo foi chamado para discursar, foram ouvidas vaias e parte do público chegou a gritar o nome de Marília Arraes, em vários momentos.
Marília Arraes e o PT
A candidatura de Marília Arraes ao governo é cogitada desde 2018, quando ela ainda era filiada ao PT. No entanto, a possibilidade, mesmo tendo sido aprovada pelo diretório estadual da legenda, foi descartada pelo Partido dos Trabalhadores em prol do apoio à reeleição do governador Paulo Câmara (PSB).
Marília Arraes, então, candidatou-se a deputada federal e foi eleita com a segunda maior votação do estado, com 193.108 votos.
O primeiro colocado na disputa foi João Campos (PSB), que é primo dela em segundo grau e filho do ex-governador Eduardo Campos (PSB), que morreu em um acidente aéreo na campanha presidencial de 2014. João Campos obteve 460.387 votos.
Foram os dois primos em segundo grau que protagonizaram outro racha entre os dois partidos. Em 2020, nas eleições municipais do Recife, ambos se candidataram à prefeitura.
Numa campanha marcada por ofensas entre os dois partidos e decisões judiciais por propaganda irregular, João Campos, aos 27 anos, venceu a disputa em segundo turno.
A campanha deixou marcas na relação de Marília com o PT, a quem ela acusa de ter feito "de tudo para inviabilizar politicamente a campanha". Para as eleições de 2022, o nome dela era novamente cogitado, e apoiado pela militância do partido.
Este ano, a candidatura do senador Humberto Costa também era uma alternativa, mas foi retirada pela presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, a fim de facilitar uma aliança nacional com o PSB em torno de Lula.
Isso posteriormente foi confirmado com o lançamento de Geraldo Alckmin (PSB) na chapa com o ex-presidente da República.
Foi aí que o PSB oficializou Danilo Cabral, em fevereiro de 2022, para candidato ao governo do estado. Retirada a possibilidade de candidatura ao governo de Pernambuco pelo PT, Marília Arraes era, então, nome cogitado ao Senado.
Em nome da boa convivência com o PSB, o diretório estadual também cogitou lançar o deputado federal Carlos Veras (PT) ou a deputada estadual Teresa Leitão (PT), que foi eleita. Diante disso, Marília Arraes passou a se movimentar para sair do partido.
Houve, então, uma reunião do Grupo Tático Eleitoral do PT, que, sem que ela estivesse presente, anunciou o nome de Arraes ao Senado. Ela respondeu com uma postagem nas redes sociais, em que disse ter o nome utilizado como “massa de manobra”.
Poucos dias depois, a candidata deixou o PT e se filiou ao Solidariedade. A ata de filiação foi abonada pelo presidente nacional da legenda, deputado federal Paulinho da Força. No mesmo dia, Marília Arraes tornou-se presidente do partido e anunciou a pré-candidatura.