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Emiliano Queiroz diz viver um momento único em sua carreira. "Estou muito feliz em participar deste espetáculo. É bastante difícil encontrar bons personagens para um ator da minha idade. É ótimo contracenar com Léa e atores mais jovens, iniciando a carreira", avalia ele. "O clima dos ensaios era muito gostoso. Ouvi uma frase da Fernanda Montenegro, em que ela disse: 'tudo o que eu faço hoje tem sabor de despedida". Também me sinto assim, é quase uma aceitação do final da vida", reflete.
Emiliano começou aos 14 anos, no rádio. Aos 17, pegou carona em um caminhão e foi do Ceará para São Paulo, onde chegou a fazer pequenos papéis em peças como O Pagador de Promessas, de Dias Gomes, no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Lenda da era do rádio e veterano do teatro, da TV e do cinema, o ator conta com mais de 300 personagens no currículo. Emiliano recebeu com alegria o convite do produtor teatral Eduardo Barata para participar da peça. "Precisava me exercitar. Não gosto de me sentir enferrujado", avalia ele, elogiando ainda o diretor da montagem: "Não encontrava o Tonico há mais de trinta anos, desde quando ele me substituiu na primeira montagem de A Ópera do Malandro, na personagem Geni."
Léa interpreta três personagens, uma delas comete adultério virtual. "Me questionei. Afinal, sou uma senhora, mas sou uma atriz. E aceitei fazer a personagem: Molhadinha25", lembra. Única atriz brasileira a ter trabalhado em um filme que recebeu um Oscar, Léa, dama do teatro e da história da dramaturgia brasileira, coleciona mais de 80 trabalhos no Cinema, televisão e Teatro. O longa de produção francesa Orfeu Negro (1959), vencedor da categoria de melhor filme estrangeiro, contou com músicas inéditas de Tom Jobim.
Léa também participou do espetáculo que deu origem ao filme, Orfeu da Conceição (1956), de Vinícius de Moraes, que estreou no Theatro Municipal do Rio de Janeiro com cenário de Oscar Niemeyer. A atriz se diz satisfeita de ser convocada para papéis versáteis que não levam em consideração sua idade ou cor de pele. "Recentemente só me chamavam para fazer Mãe de Santo ou mulher preta – agora foi para fazer, simplesmente, uma mulher", afirma.
Apesar de ter uma carreira consolidada por papéis marcantes em teatro, TV e cinema, Léa é humilde ao analisar sua trajetória. "Para nós, cada estreia é uma nova estreia. Sempre tenho impressão que estou estreando. Tenho alguns prêmios, homenagens, o reconhecimento do nosso trabalho é compensador. Mas o que mais quero é atuar bem, fazer o melhor dentro do possível. Mas minha profissão não me envaidece no sentido de prêmios e elogios. Pode me envaidecer pelo todo. A arte é transformadora, é vida, tem movimento, é politizada. Agradeço muito por estar aqui até hoje, presente, exercendo a arte cênica, principalmente em um momento pandêmico, em que nós, profissionais da Cultura, passamos por um período de muito aperto", destaca ela, que não pretende comemorar os 90 anos com festão em março de 2023. "Só vou fazer festa aos 100, por enquanto sou criança (risos). Tenho certeza que meus amigos e pessoas próximas vão fazer alarde."A Justiça é acionada como tema central do espetáculo, com a função de solucionar conflitos, mas também de lembrar que "a felicidade não é um direito, muito menos uma obrigação. Compreender nossa humanidade nos faz mais responsáveis pelo nosso destino", nas palavras da autora. Nesta encenação teatral, propõe-se um jogo no qual os atores e os personagens se revezam, ora na tarefa de vítima, ora na função de acusado, trazendo para a reflexão temas como diversidade, igualdade, justiça, respeito, tolerância e conflitos relacionais.
A VIDA NÃO É JUSTA
Casa de Cultura Laura Alvim (Av. Vieira Souto, 176, Ipanema)
Até 21 de agosto
Sextas e sábados, às 20h, domingos, às 19h
Ingressos entre R$ 30 (meia) e R$ 70,00 (inteira).