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Mais de 30 anos de carreira no esporte, ídolo do Bahia, onde foi peça importante do bicampeonato do Nordeste, comentarista esportivo e também dirigente. Das diversas possibilidades de classificar o ex-goleiro Emerson Ferretti, durante anos, uma expressão pejorativa o perseguiu durante a carreira dentro de campos: “viado”.
Em entrevista ao podcast “Nos Armários dos Vestiários”, Emerson contou sobre como lidou com sua opção sexual dentro de um esporte machista e de que forma conduziu sua carreira clube a clube.
“O ambiente do futebol é muito hostil para um gay, muito mesmo. Eu fico imaginando quantos garotos desistiram de se tornar jogador de futebol por conta disso, por perceberem essa situação. Quantos talentos foram perdidos? O futebol perdeu, os clubes perderam, porque o ambiente realmente não ajuda“, comentou.
Desde sua grande campanha no título da Copa do Brasil de 1999, pelo Juventude, e seus anos seguintes de Bahia, Emerson contou que toda a exposição e sucesso o fizeram ter problemas como depressão, uma vez que não via apoio para dividir quem era realmente.
“Eu não tinha com quem dividir isso e era um peso muito grande nas minhas costas. E ao mesmo tempo precisava entregar desempenho, porque no futebol, se você não entrega desempenho, se não joga bem, perde a sua posição, perde contratos”, desabafou.
O ex-dirigente do Ypiranga ainda relembrou que demorou muito tempo até ter contato e consciência do que era ser gay, muito por conta do pensamento da época e do local onde cresceu, no Rio Grande do Sul: “Falavam que ser gay era sem-vergonhice, descaração, uma aberração”.
Com plena certeza de que a fama de gay atrapalhou sua carreira e que “dirigentes que não me contrataram porque eu sou gay”, Ferretti avaliou que é preciso debater sobre o tema e tornar os vestiários menos hostis para os atletas e que ser homossexual em nada diminui ou incapacita um profissional do futebol.
“É possível ser gay, ídolo e ganhar títulos. Dá para ser um jogador talentoso. Dá para ter sucesso no futebol. Eu cumpri minhas obrigações dignamente [...] Sempre existiu gay no futebol. Só que ninguém fala, todo mundo ignora isso, faz de conta que não tem”, finalizou.