Em seu acordo de colaboração com a Justiça, a Odebrecht tratou detalhes da relação que mantinha com a família Faria, dona do Grupo Petrópolis. Segundo o Estado de S. Paulo, a Lava Jato já tinha identificado que executivos ligados à empreiteira e o grupo eram sócios no banco Meinl Bank Antígua, utilizado pela Odebrecht para operar as contas do departamento da propina no exterior.
Além de assumirem a sociedade com a Vanuê, executivos da empresa contarão como utilizaram empresas dos donos da cervejaria Itaipava para distribuir dinheiro a políticos por meio de doações eleitorais e entregas de dinheiro vivo.
Entre os que participaram das negociações com integrantes da família Faria e entregaram informações sobre o esquema estão Benedicto Júnior, o BJ, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, e Luiz Eduardo Soares, o Luizinho, funcionário do Setor de Operações Estruturadas, o departamento da propina. Luizinho garantiu que vai contar como a Odebrecht injetou cerca de R$ 100 milhões em uma conta operada pelo contador do Grupo Petrópolis no Antígua Overseas Bank (AOB) e construiu fábricas em troca de dinheiro no Brasil disponível para campanhas eleitorais e pagamento de propina para agentes públicos.
Segundo a publicação, pelo menos duas empresas, entre elas a Praiamar e Leyros Caxias, foram usadas para escoar o dinheiro do departamento de propina para campanhas nas eleições de 2010 e 2012.
As planilhas das contribuições eleitorais executadas pelo Grupo Petrópolis e os documentos relacionados ao controle da movimentação real/dólar entre as contas das empresas devem ser entregues aos investigadores, pelo menos foi o que prometeram os delatores. Doações ligadas à Praiamar e Leyroz constam no site do Tribunal Superior eleitoral. Cerca de R$ 4,3 milhões foram doados pela Leyroz para políticos do PT, PMDB, PP, PSDB, PV, DEM, PTC, PSB, PSDC e PSO, no ano de 2010.
Outros R$ 560 mil foram repassados para candidatos do PSB e PMDB nas eleições de 2012. Em 2010, a Praiamar doou R$ 1,1 milhão para os mesmos partidos destinatários dos valores da Leyroz. Em 2012, foram mais R$ 1,5 milhão para PSB, PMDB, PPS e PCdoB.
De acordo com o delator, por conta da Odebrecht, alguns políticos receberam doações da empresa, entre eles: em 2010, Aécio Neves (PSDB-MG), recebeu o valor total de R$ 120 mil, Ciro Nogueira (PP) com R$ 200 mil, o tucano Arthur Virgílio (R$ 100 mil), o democrata Heráclito Fortes (R$ 100 mil), o tucano Jutahy Magalhães (30 mil).
Ainda de acordo com o Estado de S. Paulo, na planilha doações para a campanha eleitoral de 2012, a quantia total chega a R$ 5,8 milhões. Em outro quadro, sem data definida, o “parceiro” aparece como responsável por doações de R$ 30 milhões a 13 partidos, entre eles PT, PMDB e PSDB.